sábado, 31 de dezembro de 2011


Point do Chico

Último dia de 2011.

Estamos na frente do Point do Chico Preto, o contador que ajudou Siqueira de Menezes a começar a fazer as contas do município há 107 anos.

Chico é uma figuraça..

Ele está à minha direita.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Antes no Principado

Amanhã, sexta, vou a Sena.

Tenho que ir...

É um dever cívico e uma vontade incontrolável mesmo.

Volto para a Virada do Ano...

E na terça sigo rumo aos Andes e depois Equador.

2012 apertando a campainha.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Feliz Natal....!!!

A todos os leitores deste blogzinho.

Sempre!!!
João Lucas

Meu filho de 20 anos pegou um ônibus neste fim de noite de sexta rumo a São Paulo...

Me pus contra a aventura em princípio, mas...

Fiz isso com a mesma idade..

Mas sabe como é...

Sempre achamos que eles não têm experiência e que vão ficar indefesos, etc, etc...

Tento me tranquilizar.

Vai dar tudo certo!

E antes que comecem as aulas na UFAC creio que estará de volta.

Estarei na mesma rodoviária para abraçá-lo, beijá-lo e dizer novamente:

Papai te ama muito!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Chalaman

Chala significa marihuana, maconha... Chalaman igual a'Homem-Chala'. Isso na Argentina.

A música é do grupo 'Los Abuelos de la nada', fácil de compreender, né?

Curta a música, mas não leve a sério o que diz a letra deste Regae, principalmente os primeiros versos.

A veces pienso que ya no me haces efecto
y digo: "En la calle te buscaré,
en la calle te encontraré,
no, no, no, no, no.

A veces me imagino tu cara en la multitud
y digo: "Que ya no te necesito,
que ya no te necesito"
Chalamán, rastafa,
esta noche vas a viajar,
esta noche vas a viajar en mi sidecar.

Cuando esté lejos sin pase para volver acá,
esa noche te llamaré,
esa noche te buscaré, uh.
Volverá, volverá
la canción del cielo


domingo, 18 de dezembro de 2011



Por que não?

A disputa para a prefeitura da capital já começou, mesmo que a justiça eleitoral (eleições deveriam ser geridas pelos partidos) ainda não tenha autorizado.

Vários nomes já estão sendo escalados. Uns para sondagens internas, outros com possibilidades médias, outros ainda para encher linguiça e poucos para disputar de verdade.

Um desses nomes com chance de disputa de verdade é Perpétua Almeida, que já foi referendada pré-candidata pelo PCdoB, partido que fundou a Frente Popular, a antiga aliança que dá sustentação ao governo do PT há mais de década no Acre.

O Partido dos Trabalhadores, por sua vez, pôs o seu nome na mesa: Marcos Alexandre, tocador de obras desde o governo Binho.

Desconhecido do público eleitor, ainda, ele pode vir a ser a aposta do PT para a prefeitura da capital.

E é aqui que está o fio escapelado - e discordante - entre os petistas e os comunistas.

O nome de Perpétua Almeida, estranhamente, excluído de uma sondagem eleitoral divulgada neste final de semana, é o nome mais forte (densidade) da Frente Popular hoje.

Seu nome já havia sido debatido na eleição passada para uma das vagas no Senado. Não emplacou. Reelegou-se deputada federal.

Agora o PCdoB avisa que vem com ela para prefeitura da capital.

Lideranças nacionais do partido com acento no Congresso, em conversas com parlamentares acreanos, asseguram que Perpétua 'será mesmo candidata à prefeitura de Rio Branco'.

E por que não? E por que não com o apoio do PT?

O PT, ao longo dos últimos 15 anos teve a primazia em indicar os nomes para os cargos majoritários à prefeitura da capital e ao governo do Estado. Não sem razão, pois sempre convenceu os aliados e eleitores que tinha o melhor nome.


No atual momento o PT não tem um nome de expressão política maior que o de Perpétua para a prefeitura mais importante do Estado. É fato.

Marcos Alexandre é um excelente executivo, como já disse, um tocador de obras, mas em termos eleitorais essa seria uma candidatura de risco. E o PT sabe disso.

Tá na hora da Frente Popular apostar num nome vibrante, com grande empatia popular. Que fale a lingua do povo.Que seja alegre, que brinque, que seja valente, competente e que não tenha medo das pessoas. Que ande na rua como todos os mortais.

A prefeitura de Rio Branco está precisando ser sacudida. Sair da sombra eterna do governo. Não menosprezar o apoio do governo, evidente, mas ter a sua própria cara, personalidade, marca, 'huella', como dizem os hispânicos..

Acredito que o PT, o PCdo B e os partidos da FP vão encontrar o melhor caminho - e o melhor nome - para enfrentar a oposição que se fortalece a cada dia.

A última eleição mostrou uma tendência inconformista no Acre...Uma tendência!

Perpétua pode atrair esse sentimento justo do povo e avançar rumo às novas conquistas para a cidade de Rio Branco.

domingo, 11 de dezembro de 2011

A reportagem investigativa da década

Luis Nassif

Fui ontem à coletiva do repórter Amaury Ribeiro Jr, sobre o livro que lançou.

Minha curiosidade maior era avaliar seu conhecimento dos mecanismos do mercado financeiro e das estruturas de lavagem de dinheiro.

Amaury tem um jeito de delegado de polícia, fala alto, joga as ideias de uma forma meio atrapalhada – embora o livro seja surpreendentemente claro para a complexidade do tema. Mas conhece profundamente o assunto.

Na CPI dos Precatórios – que antecedeu a CPI do Banestado - passei um mês levando tiro de alguns colegas de Brasília ao desnudar as operações de esquenta-esfria dinheiro e a estratégia adotada por Paulo Maluf. Foi o primeiro episódio jornalístico a desvendar o submundo das relações políticas, mercado financeiro, crime organizado.

No começo entendi os tiros como ciumeira de colegas pela invasão do seu território por jornalista de fora. Depois, me dei conta que havia um esquema Maluf coordenando o espírito de manada, no qual embarcaram colegas sem conhecimento mais aprofundado do tema.

Minhas colunas estão no livro “O jornalismo dos anos 90”, mostrando como funcionavam as empresas offshore, o sistema de doleiros no Brasil, as operações esquenta-esfria na BMF e na Bovespa, as jogadas com títulos estaduais.

Repassei parte desse conhecimento ao meu amigo Walter Maierovitch, quando começou a estudar esse imbricamento mercado-crimes financeiros e, depois, na cerimônia de lançamento do Sisbin (Sistema Brasileiro de Inteligência).

Mesmo assim, persistiu a dicotomia na cobertura: jornalistas de mercado não entravam em temas policiais e jornalistas policiais não conheciam temas financeiros. E a Polícia Federal e o Ministério Público ainda tateavam esse caminho.

Aos poucos avançou-se nessa direção. A Sisbin significou um avanço extraordinário na luta contra o crime organizado. E, no jornalismo, Amaury Ribeiro Jr acabou sendo a melhor combinação de jornalismo policial com conhecimento de mercado.

Quem o ouve falar, meio guturalmente, não percebe, de imediato, sua argúcia e enorme conhecimento. Além de ter se tornado um especialista nas manobras em paraísos fiscais, nos esquemas de esquentamento de dinheiro, tem um enorme discernimento para entender as características de cada personagem envolvido na trama.

Mapeou um conjunto de personagens que atuam juntos desde os anos 90, girando em torno do poder e da influência de José Serra: Riolli, Preciado, Ricardo Sergio, Verônica Serra, seu marido Alexandre Burgeois. É uma ação continuada.

Entendeu bem como se montou o álibi Verônica Serra, uma mocinha estreante em Internet, naquele fim dos anos 90, com baixíssimo conhecimento sobre tendências, modelos de negócios, de repente transformada, por matérias plantadas, na mais bem sucedida executiva da Internet nacional. Criou-se um personagem com toque de Midas, em um terreno onde os valores são intangíveis (a Internet) para justificar seu processo de enriquecimento. Mas todo o dinheiro que produzia vinha do exterior, de empresas offshore.

Talvez o leitor leigo não entenda direito o significado desses esquemas offshore em paraísos fiscais. São utilizados para internalizar dinheiro de quem não quer que a origem seja rastreada. Nos anos 90, a grande década da corrupção corporativa, foram utilizados tanto por grandes corporações – como Citigroup, IBM – para operações de corrupção na América Latina (achando que com as offshores seriam blindadas em seus países), como por políticos para receber propinas, traficantes para esquentar recursos ilícitos.

Ou seja, não há NENHUMA probabilidade de que o dinheiro que entrou pelas contas de Verônica provenha de fontes legítimas, formalizadas, de negócios legais.

Ao mesmo tempo, Amaury mostra como esse tipo de atuação de Serra o levou a enveredar por terrenos muito mais pesados, os esquemas de arapongagem, os esquemas na Internet (o livro não chega a abordar), os assassinatos de reputação de adversários ou meros críticos. É um modo de operação bastante tipificado na literatura criminal.

No fundo, o grande pacto de 2005 com a mídia visou dois objetivos para Serra: um, que não alcançou, o de se tornar presidente da República; o outro, que conseguiu, a blindagem.

O comprometimento da velha mídia com ele foi tão amplo, orgânico, que ela acabou se enredando na própria armadilha. Não pode repercutir as denúncias de corrupção contra Serra porque afetaria sua própria credibilidade junto ao universo restrito de leitores que lêem jornais, mas não chegam ainda à Internet.

Ao juntar todas as peças do quebra-cabeças e acrescentar documentos relevantes, Amaury escancara a história recente do país. Fica claro porque os jornais embarcaram de cabeça na defesa de Daniel Dantas, Gilmar Mendes e outros personagens que os indispuseram com seus próprios leitores. (Só não ficou claro porque o PT aceitou transformar a CPI do Banestado em pizza. Quais os nomes petistas que estavam envolvidos nas operações?)

E agora? Como justificar o enorme estardalhaço em torno do avião alugado do Lupi (independentemente dos demais vícios do personagem) e esconder o enriquecimento pessoal de um bi-candidato à presidência da República?

Mesmo não havendo repercussão na velha mídia, o estrago está feito.

Serra será gradativamente largado ao mar, como carga indesejada, aliás da mesma forma que está ocorrendo com os jornalistas que fizeram parte do seu esquema.

A CPI dos Precatórios

No PDF, o livro “O jornalismo dos anos 90”.  A partir da página 147, minhas colunas sobre a CPI dos Precatórios, onde já se revelava todo o imenso esquema do crime organizado no país, os doleiros, a operação em Foz do Iguaçu, as concessões do Banco Central etc.

A ironia da história é que, em determinado momento, consegui convencer o banqueiro Fábio Nahoum – testa de ferro do Maluf – a passar informações ao relator da CPI, senador Roberto Requião. Como testemunhas do encontro, a repórter Mônica Bérgamo – que teve um comportamento impecável quando Requião e alguns colegas de Brasília tentaram desqualificar minhas revelações – e o então senador José Serra.

Não podia imaginar que um dos esquemas que operava na região era do próprio Serra.

sábado, 10 de dezembro de 2011


Esquecidos

Moradores do distrito de Extrema - povoado às margens da BR-364 entre o Acre e Rondônia - começam a se mexer com vistas à próxima eleição, no ano que vem.

Encabeçado por professores do lugarejo, está em gestação um movimento pelo voto nulo em 2012 e também 2014 se nada for feito pela comunidade.

Extrema, que um dia foi disputada pelo Acre, ficou mesmo com Rondônia que a trata com desprezo completo.

A qualidade de vida em Extrema é de quarto, quinto mundo.

São brasileiros esquecidos pelo Estado Brasileiro.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011


Jorge Viana assumiu

O senador fez nessa terça (o post feito já na quarta) o seu melhor pronunciamento na tribuna do Senado.

Falou como um senador do Brasil.

Mostrou, no entanto, que a régua e o compasso continuam sendo acreanos.

A aprovação do Código Florestal pelo Senado foi o seu teste de fogo na Casa Legislativa mais ensaboada do país.

Jorge agora tomou posse no Senado. De fato.

domingo, 4 de dezembro de 2011


Sócrates, diferente


Ele foi distinto de todos os outros craques.

Não sabia apenas jogar futebol.

Tinha consciência das coisas do mundo em que vivia.

Em plena Copa do Mundo do México, em 86, fez protesto contra as mazelas do mundo.

Abro um colchete sobre 1982.

[Em 82, com aquele timaço - para mim o melhor de todos - foi a única vez que me emocionei com o futebol.

Tinha apens 19 anos e fiquei dias entalado com a desclassificação da Seleção de Telê.

Nós perdemos, mas o mundo havia conhecido a mais pura e linda forma de jogar futebol.]. Fecho o colchete.

Escreve Sócrates tempos depois:

-Em 1986, no México, encontrei uma forma de me manifestar contra algumas mazelas sócio-políticas muito importantes para a humanidade. A cada jogo do qual participamos na Copa do Mundo daquele ano eu entrei com uma faixa na cabeça expondo minhas preocupações.

E conclui:

-Hoje, ao ver a campanha mundial contra o racismo assumida pela Fifa, sinto-me extremamente satisfeito com as mudanças filosóficas que este meio veio a assumir.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

'The thrill is gone'

Em tradução livre, algo como 'a emoção indo embora...'

É um desabafo com as decepções da vida.

Mas no fim ele diz com uma grandeza de dar inveja:

'All I can do is wish you wel'

Ou, 'Tudo que eu posso fazer é desejar o seu bem'


quarta-feira, 30 de novembro de 2011


Professora Zenir

Os meus filhos não sabem disso, mas um dia fomos obrigados a aprender datilografia.

Datilografia é a vovó do computador.

Em Sena a Dona Zenir, 81, que nos deixou hoje, ensinou quase todos da minha geração a posicionar as mãos no teclado das velhas e sumidas maquininhas de escrever.

Aproveito o momento de dor para prestar minha solidariedade ao meu irmão Carlinhos Batista, filho único de um casal histórico de Sena (Zé Batista e Dona Zenir).

Dona Zenir foi uma mulher íntegra e ajudou muito com seus bons modos o município de Sena Madureira.

Descanse em paz, professora!

[foto do facebook da Aida Costa]

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Gastança

Fui ao Mall Via Verde nesta noite.

Fiquei lá umas duas horas.

Andei e olhei as maiores lojas...que eles chamam de âncora (antigamente âncora era outra coisa)

E o melhor!

Não gastei nada. Quase nada!

Depois sentei-me numa mesa da PA e tomei uma cerveja holandesa.

E comi meio sem querer dois pães-de-queijo.

Minha noite no Mall valeu R$ 9,40.

Com cirurgia ainda recente no olho não fui ao cinema (minha paixão) ver o Gato de Botas.

Para uma terça-feira (o Mall VV tava lotado) até que não fui perdulário com minhas posses.

Para sorte do Mall VV, eu, certamente, sou uma minoria.

domingo, 27 de novembro de 2011

Desculpe, governador...

Mas não dá para segurar a informação, mesmo que o senhor tenha pedido durante discurso na Conferência do PCdoB, no sábado.

Na plateia havia mais de  500 pessoas.

E qual é a informação importante para o Acre dita pelo governador?

Pesquisa nacional do Ministério da Saúde revela que é no Acre, entre todos os Estados da  Federação, onde a população está mais SATISFEITA com o atendimento básico em saúde.

O resultado é tão bom e impressionou tanto o governo federal, que Tião Viana foi o escolhido pela presidenta Dilma  para falar no encontro que reunirá na terça, 29, em Brasília, no Palácio do Planalto, todos os governadores do país.

Tião vai falar sobre Atendimento Básico em Saúde com os números da pesquisa do Ministério da Saúde embaixo do braço.

Esta será a surpreendente e agradável notícia da semana no Brasil no setor de saúde pública e, em especial, na nossa aldeiazinha.

O governador não está se cabendo de contetamento...

Ah, e para quem quiser acompanhar o evento ao vivo na terça no Palácio do Planalto, é só ligar na NBR TV. (pela internet ou por parabólica).

sábado, 26 de novembro de 2011

Ridículas

Todas as cartas de amor são ridículas.

[Eu acrescento: os e-mails e sms também.]

Fernando Pessoa escreveu o poema abaixo declamado, mas pôs na boca de um de seus heterônimos, Álvaro de Campos. O poeta português tinha vários heterônimos.


terça-feira, 22 de novembro de 2011

Pirata

Estou novamente me recuperando de uma nova cirurgia.

Agora no olho direito.

Tenho evitado estar à frente do laptop por razões óbvias.

Mas vim aqui para denunciar que um larápio - ou larápios - passou aqui na 5ª Avenida do Morada do Sol, a Rua Pera,  e levou os hidrômetros (contador de água do Saerb) de várias casas.

Por que eles furtam aquele aparelhinho?

Para retirar o cobre que tem em seu interior e ganhar uma grana com a sua comercialização no submundo dos negócios do produto.

Assim que melhorar vou à delegacia mais próxima registrar a ocorrência...

Depois vou levar o BO ao Saerb e pedir que instalem um novo hidrômetro aqui em casa.

Por enquanto é só...Depois publico a foto dos canos estuprados...meu olho tá doendo!!!

domingo, 20 de novembro de 2011



La Madre del fútbol

Assim a chamavam em seu país, a Argentina.

A mãe de Diego Maradona, Doña Tota, morreu no sábado devido a graves complicações renais.

Na sexta, Dalma Salvadora Franco, 81, havia sido internada numa clínica de Buenos Aires.

Donã Tota e Maradona tinham uma relação muita intensa (na foto Diego beija sua mãe durante um jogo).

A imprensa Portenha não deixou por menos. E o comparou a Deus, seu homônimo.

'Por esos días, Dios le pidió a su homónimo “que no se la lleve”. '

Mas Doña Tota se foi.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Resposta do Detran

Enviei uma pergunta ao @detranAcre: está autorizado carretas estacionarem em ruas de áreas residenciais?

Hoje o Detran respondeu, mas não me convenceu, ainda.

A primeira resposta do Detran foi: '@jrbrana é possível, dsd q n haja placa de proibido estacionar. Porém, pode ser solicitado à @RBTrans um estudo da rua.'

Essa resposta aí de cima me dá o direito de pensar que onde não houver uma placa eu posso estacionar meu carro. E não é bem assim. Exemplo: em frente ao Palácio Rio Branco ou de um hospital. Nesses pontos não têm placas, mas sei que seria errado.

A segunda resposta do Detran é burocrática e não diz nada com coisa nenhuma. Leia: '@jrbrana Circulação e parada dentro das vias públicas de Rio Branco são de responsabilidade da superintendência.'

Eu não perguntei isso. De quem é a responsabilidade. Perguntei em área residencial, em conjunto habitacional, carretas podem estacionar à vontade e ficar semanas e semanas sem ser encomodadas? Foi isso que perguntei.

O Detran me sugere que faça um pedido ao órgão para realizar 'um estudo na rua'. Ai, meu Deus!

Não precisa estudos... Em área residencial carreta, no meu entender e das leis de trânsito, não pode estacionar e morar, como é o caso aqui na 5ª Avenida do Morada do Sol, a rua Pera.

Eu só quero que a fiscalização venha aqui e diga ao dono, meu vizinho, que arrume outro local para guardar as suas carretas. Só isso.

Enquanto morar aqui na 5ª Avenida do Morada, a rua Pera, vou denunciar esse desrespeito ao Código Brasileiro de Trânsito.

Desrespeito também a mim e a todos os vizinhos.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Nirvana pergunta

'Where Did You Sleep Last Night?'

Pode ter sido em qualquer lugar.

Comigo é que não foi...

É um clássico do grupo.

Em Época

A dura vida dos ateus...

Por
ELIANE BRUM

O diálogo aconteceu entre uma jornalista e um taxista na última sexta-feira. Ela entrou no táxi do ponto do Shopping Villa Lobos, em São Paulo, por volta das 19h30. Como estava escuro demais para ler o jornal, como ela sempre faz, puxou conversa com o motorista de táxi, como ela nunca faz. Falaram do trânsito (inevitável em São Paulo) que, naquela sexta-feira chuvosa e às vésperas de um feriadão, contra todos os prognósticos, estava bom. Depois, outro taxista emparelhou o carro na Pedroso de Moraes para pedir um “Bom Ar” emprestado ao colega, porque tinha carregado um passageiro “com cheiro de jaula”. Continuaram, e ela comentou que trabalharia no feriado. Ele perguntou o que ela fazia. “Sou jornalista”, ela disse. E ele: “Eu quero muito melhorar o meu português. Estudei, mas escrevo tudo errado”. Ele era jovem, menos de 30 anos. “O melhor jeito de melhorar o português é lendo”, ela sugeriu. “Eu estou lendo mais agora, já li quatro livros neste ano. Para quem não lia nada...”, ele contou. “O importante é ler o que você gosta”, ela estimulou. “O que eu quero agora é ler a Bíblia”. Foi neste ponto que o diálogo conquistou o direito a seguir com travessões.

 - Você é evangélico? – ela perguntou.
 - Sou! – ele respondeu, animado.
 - De que igreja?
 - Tenho ido na Novidade de Vida. Mas já fui na Bola de Neve.
- Da Novidade de Vida eu nunca tinha ouvido falar, mas já li matérias sobre a Bola de Neve. É bacana a Novidade de Vida?
- Tou gostando muito. A Bola de Neve também é bem legal. De vez em quando eu vou lá.
- Legal.
- De que religião você é?
- Eu não tenho religião. Sou ateia.
- Deus me livre! Vai lá na Bola de Neve.
- Não, eu não sou religiosa. Sou ateia.
- Deus me livre!
- Engraçado isso. Eu respeito a sua escolha, mas você não respeita a minha.
- (riso nervoso).
- Eu sou uma pessoa decente, honesta, trato as pessoas com respeito, trabalho duro e tento fazer a minha parte para o mundo ser um lugar melhor. Por que eu seria pior por não ter uma fé?
- Por que as boas ações não salvam.
- Não?
- Só Jesus salva. Se você não aceitar Jesus, não será salva.
- Mas eu não quero ser salva.
- Deus me livre!
- Eu não acredito em salvação. Acredito em viver cada dia da melhor forma possível.
- Acho que você é espírita.
- Não, já disse a você. Sou ateia.
- É que Jesus não te pegou ainda. Mas ele vai pegar.
- Olha, sinceramente, acho difícil que Jesus vá me pegar. Mas sabe o que eu acho curioso? Que eu não queira tirar a sua fé, mas você queira tirar a minha não fé. Eu não acho que você seja pior do que eu por ser evangélico, mas você parece achar que é melhor do que eu porque é evangélico. Não era Jesus que pregava a tolerância?

- É, talvez seja melhor a gente mudar de assunto...

O taxista estava confuso. A passageira era ateia, mas parecia do bem. Era tranquila, doce e divertida. Mas ele fora doutrinado para acreditar que um ateu é uma espécie de Satanás. Como resolver esse impasse? (Talvez ele tenha lembrado, naquele momento, que o pastor avisara que o diabo assumia formas muito sedutoras para roubar a alma dos crentes. Mas, como não dá para ler pensamentos, só é possível afirmar que o taxista parecia viver um embate interno: ele não conseguia se convencer de que a mulher que agora falava sobre o cartão do banco que tinha perdido era a personificação do mal.)
Chegaram ao destino depois de mais algumas conversas corriqueiras. Ao se despedir, ela agradeceu a corrida e desejou a ele um bom fim de semana e uma boa noite. Ele retribuiu. E então, não conseguiu conter-se:
- Veja se aparece lá na igreja! – gritou, quando ela abria a porta.
- Veja se vira ateu! – ela retribuiu, bem humorada, antes de fechá-la.
Ainda deu tempo de ouvir uma risada nervosa. 

...continue lendo aqui (eu indico)...

terça-feira, 15 de novembro de 2011


Serviço completo

Ontem mostrei a obra na Travessa Guaporé.

A obra de exterminação do Bar do Gel (leia o post abaixo deste e veja a foto de ontem e compare com a de cima) e o começo da derrubada da única árvore da rua que proporcionava uma bela sombra nesses dias de forte calor.

Pois bem. Hoje, terça, último dia do feriadão, o menu foi completado.

O Ficus foi trucidado sem dó e posto ao chão.

Ontem ainda tive a inocência de pensar de que somente o Bar do Gel teria recebido a pena máxima.

Mas não.

Houve pena capital também para o Ficus.

A Guaporé nunca mais será a Guaporé.

Viva a modernidade do lucro!

segunda-feira, 14 de novembro de 2011


Não destruam a árvore!!!

O Bar do Gel, que tinha a cara das coisas do Acre, sumiu da Travessa Guaporé.

O bar ficava ali na esquina do Araújo, Aviário, espremido entre lojas de grifes.

Tentaram de tudo quanto foi jeito e até que conseguiram convencer à família, que se desfez do patrimônio de décadas.

E a primeira providência foi cortar a árvore...

Ainda não a jogaram no chão...completamente.

Mas já deram o recado a quem quiser pegar uma sombra na Guaporé.....

Post Scriptum: o Bar do Gel era um desses sítios populares acreanos que o próprio cliente pegava sua cerveja e...

Pois o Gel geralmente estava ocupado disputando jogo de palito com outros clientes.

É a tradição acreana indo embora.
Faltou política

A questão da mudança no horário do Acre e agora o seu retorno ao que era antes (2h a menos do DF) poderia ter sido mais inteligentemente resolvida.

E a culpa é da classe política, que não soube sentar à mesa e discutir o que seria melhor para o Acre e seu povo.

Tenho certeza que se o governo Binho, lá atrás, seus aliados, e a oposição tivessem deixado de lado a disputa contraproducente teriam nos poupado dessa guerra ridícula por conta do horário acreano.

No começo fui contra a mudança. Depois me adaptei - a maioria também - e hoje sou contra voltar ao que era. Não tem sentido.

A política existe para resolver os problemas.

Mesmo os mais difíceis, como esse do fuso acreano.


'Macondo'

A FIFA autoriza a Colômbia a usar uma nova bola em homenagem a Gabriel García Márquez.

É a 'Macondo', em alusão à cidade onde acontece os 'Cem Anos de Solidão', o mais famoso dos livros de 'Gabo'.

Colômbia e Argentina vão estrear el nuevo balón na próxima terça, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 14, no Brasil.
Horário velho

Jorge Viana, senador, solta os cachor...........na oposição.

-Venceu o atraso! - dispara.

Veja o vídeo.


domingo, 13 de novembro de 2011

Só em 2012

Quem procura se refrescar com açaí nas poucas sorveterias da capital, ouve o seguinte comentáro da atendente:

-Sorvete de açaí só no ano que vem. Mas ainda tem 'açaí cremoso' e picolé.

Tá na hora de uma política para o açaí.
Chegou!!!

Depois de mais de um dia sem luz elétrica, os moradores do Principado de Sena Madureira voltam a sentir o gosto do invento de Edison, posto em prática em 1800 e alguma coisa.

Que os ventos desviem as torres de transmissão na próxima tempestade!
Thomas Edison

O Principado está há quase dois dias sem poder desfrutar da descoberta (séc XIX) desse moço aí de cima.

É, a cidade está sem energia elétrica.

sábado, 12 de novembro de 2011

Torres no chão

O governador Tião Viana lamentou nesta noite a interrupção de energia no Principado de Sena.

A cidade está às escuras desde o começo da tarde deste sábado.

-Lamento o transtorno para a população amiga de Sena Madureira...Acompanho solidário as ações técnicas da Eletronorte, para recuperar o acidente que derrubou torres de transmissão p/ Sena - disse o governador por meio do seu Twitter.
Sem energia

Sena Madureira está sem energia desde o começo da tarde.

E o que é pior:

Não há previsão de normalização do fornecimento do serviço.

Sem comentários mais.
Nada como...

...Como um sábado pela manhã.

São momentos que bate uma felicidade.

Inexplicable...!

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Esperem sentados

Em discurso no Plenário nesta semana, o senador Jorge Viana pediu atenção sobre a situação da pista do aeroporto de Rio Branco.  

Ele apresentou requerimento à mesa diretora do Senado pedindo informações à Infraero sobre o andamento das obras da pista do aeroporto, sobre os recursos já usados e quanto à expectativa de aguardo para a conclusão das obras.

-Estamos falando de anos de obras, com um custo elevado e com um resultado que não tem sido o esperado - disse Viana.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

NOTA DE ESCLARECIMENTO

A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio, Serviços, Ciência e Tecnologia – SEDICT presta os seguintes esclarecimentos, referente à empresa EUFRAN INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE LÂMINAS LTDA:

I)    A política de Incentivos Industriais no Estado do Acre é regulamentada pelos seguintes instrumentos legais: I) Lei Nº. 1.361/00 – cria a Comissão da Política de Incentivos às Atividades Industriais no Estado do Acre - COPIAI; II) Lei Nº. 1.358/00: confere incentivo tributário na modalidade de financiamento direto ao contribuinte, limitado no total do investimento fixo realizado, mediante dedução de até 95% dos saldos devedores do ICMS; e, Lei Nº. 1.359/00 - possibilita a alienação, concessão ou doação de bens móveis e imóveis de propriedade do Estado do Acre, em áreas de abrangência dos distritos e pólos industriais e em outras áreas, com fins industriais.

II)    No âmbito deste arcabouço jurídico a EUFRAN INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE LÂMINAS LTDA, por decisão da COPIAI recebeu (em 2005 e 2006) os benefícios previstos na legislação, condicionados a concretização dos itens apresentados à comissão em seu respectivo Plano de Negócio: I) Produção estimada de madeira beneficiada – 8.000 m³; II) Investimentos Imobilizáveis previstos: R$ 3.700.000,00; III) Energia Elétrica - consumo declarado estimado para 12 meses: R$ 1.200.000,00; e, IV) Geração de Empregos Diretos: 60 empregos. A decisão de revogação dos benefícios foi tomada pela COPIAI, em 03/03/2011, tendo em vista o não cumprimento dos itens citados em seu Plano de Negócios.

III)    Dessa forma, foi executado um processo administrativo com acompanhamento direto da Procuradoria Geral do Estado que garantiu o direito a ampla defesa por parte da empresa. Após a finalização do processo, com a verificação que o empreendimento não estava em funcionamento há mais de um ano, a situação foi levada para deliberação pela COPIAI, que é o colegiado legalmente responsável pela política industrial do Estado.

IV)    Vale destacar que desde a concessão dos benefícios em 2005 e 2006, a empresa nunca conseguiu cumprir na íntegra os itens declarados no Plano de Negócio do Empreendimento. Sendo que a partir de 2009 ocorreu a paralisação total de suas atividades, inclusive, com retirada de maquinário industrial, ausência de produção e de trabalhadores no local.

V)    Ressalta-se que a SEDICT possui apenas um assento na referida comissão, que por sua vez tem uma composição TRIPARTITE (SEFAZ, PGE, OCEA, FIEAC, FAEAC, SEBRAE/AC, ACISA). De forma que a decisão pela revogação dos benefícios foi unânime e não da Secretaria, muito menos uma decisão unilateral do secretário Edvaldo Magalhães, como está sendo difundido pela empresa nos meios de comunicação.

VI)    Por fim, esclarecemos que a COPIAI cumpriu os dispositivos legais previstos, visando não prevaricar administrativamente, frente ao não cumprimento das normas e procedimentos legais aprovados legitimamente pela Assembléia Legislativa do Estado do Acre. Por sua vez o processo encontra-se judicializado por iniciativa da empresa, de forma que a COPIAI e a SEDICT aguardam a manifestação da Justiça, com a certeza do cumprimento dos princípios basilares da Administração Pública.
Rio Branco-Ac, 08 de Novembro de 2011

Anderson Mariano
Diretor de Indústria da Sedict
Infelizmente

Morreu no PS de Rio Branco, na noite de segunda,7, Lenice Oliveira da Silva, 18 . Ela foi vítima de  atropelamento no dia 30 de outubro, na estrada do Xiburema, em Sena.
Ambulância


A deputada Toinha Vieira pediu nesta manhã que o governo tome providências e resolva o problema da falta de ambulância no hospital de Sena Madureira. 

A imagem de um paciente sendo levado em cima de peça de madeira pegou mal. 

Muito mal.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Leia isso...

Não deixe de ler, viu?!

Nina Crintzs: Eu, o SUS, a ironia e o mau gosto

publicada no blog do Nassif


Há seis anos atrás eu tive uma dor no olho. Só que a dor no olho era, na verdade, no nervo ótico, que faz parte do sistema nervoso. O meu nervo ótico estava inflamado, e era uma inflamação característica de um processo desmielinizante. Mais tarde eu descobri que a mielina é uma camada de gordura que envolve as células nervosas e que é responsável por passar os estímulos elétricos de uma célula para a outra. Eu descobri também que esta inflamação era causada pelo meu próprio sistema imunológico que, inexplicavelmente, passou a identificar a mielina como um corpo estranho e começou a atacá-la. Em poucas palavras: eu descobri, em detalhes, como se dá uma doença-auto imune no sistema nervoso central. Esta, específica, chama-se Esclerose Múltipla. É o que eu tenho. Há seis anos.

Os médicos sabem tudo sobre o coração e quase nada sobre o cérebro – na minha humilde opinião. Ninguém sabe dizer porque a Esclerose Múltipla se manifesta. Não é uma doença genética. Não tem a ver com estilo de vida, hábitos, vícios. Sabe-se, por mera observação estatística, que mulheres jovens e caucasianas estão mais propensas a desenvolver a doença. Eu tinha 26 anos. Right on target.

Mil médicos diferentes passaram pela minha vida desde então. Uma via crucis de perguntas sem respostas. O plano de saúde, caro, pago religiosamente desde sempre, não cobria os especialistas mais especialistas que os outros. Fui em todos – TODOS – os neurologistas famosos – sim, porque tem disso, médico famoso – e, um por um, eles viam meus exames, confirmavam o diagnóstico, discutiam os mesmos tratamentos e confirmavam que cura, não tem.

Minha mãe é uma heroína – mãos dadas comigo o tempo todo, segurando para não chorar. Ela mesma mais destruída do que eu. E os médicos famosos viam os resultados das ressonâncias magnéticas feitas com prata contra seus quadros de luz – mas não olhavam para mim. Alguns dos exames são medievais: agulhas espetadas pelo corpo, eletrodos no córtex cerebral, “estímulos” elétricos para ver se a partes do corpo respondem. Partes do corpo. Pastas e mais pastas sobre mesas com tampos de vidro. Colunas, crânio, córneas. Nos meus olhos, mesmo, ninguém olhava.

O diagnóstico de uma doença grave e incurável é um abismo no qual você é empurrado sem aviso. E sem pára-quedas. E se você tá esperando um “mas” aqui, sinto lhe informar, não tem. Não no meu caso. Não teve revelação divina. Não teve fé súbita em alguma coisa maior. Não teve uma compreensão mais apurada das dores do mundo. O que dá, assim, de cara, é raiva. Porque a vida já caminha na beirada do insuportável sem essa foice tão perto do pescoço. Porque já é suficientemente difícil estar vivo sem esta sentença de morte lenta e degradante. Dá vontade de acreditar em Deus, sim, mas só se for para encher Ele de porrada.

O problema é que uma raiva desse tamanho cansa, e o tempo passa. A minha doença não me define, porque eu não deixo. Ela gostaria muitíssimo de fazê-lo, mas eu não deixo. Fiz um combinado comigo mesma: essa merda vai ter 30% da atenção que ela demanda. Não mais do que isso. E segue o baile. Mas segue diferente, confesso. Segue com menos energia e mais remédios. Segue com dias bons e dias ruins – e inescapáveis internações hospitalares.

A neurologista que me acompanha foi escolhida a dedo: ela tem exatamente a minha idade, olha nos meus olhos durante as minhas consultas, só ri das minhas piadas boas e já me respondeu “eu não sei” mais de uma vez. Eu acho genial um médico que diz “eu não sei, vou pesquisar”. Eu não troco a minha neurologista por figurão nenhum.

O meu tratamento custaria algo em torno de R$12.000,00 por mês. Isso mesmo: 12 mil reais. “Custaria” porque eu recebo os remédios pelo SUS. Sabe o SUS?! O Sistema Único de Saúde? Aquele lugar nefasto para onde as pessoas econômica e socialmente privilegiadas estão fazendo piada e mandando o ex-presidente Lula ir se tratar do recém descoberto câncer?

Pois é, o Brasil é o único país do mundo que distribui gratuitamente o tratamento que eu faço para Esclerose Múltipla. Atenção: o ÚNICO. Se isso implica em uma carga tributária pesada, eu pago o imposto. Eu e as outras 30.000 pessoas que têm o mesmo problema que eu. É pouca gente? Não vale a pena? Todos os remédios para doenças incuráveis no Brasil são distribuídos pelo SUS. E não, corrupção não é exclusividade do Brasil.

O maior especialista em Esclerose Múltipla do Brasil atende no HC, que é do SUS, num ambulatório especial para a doença. De graça, ou melhor, pago pelos impostos que a gente reclama em pagar. Uma vez a cada seis meses, eu me consulto com ele. É no HC que eu pego minhas receitas – para o tratamento propriamente dito e para os remédios que uso para lidar com os efeitos colaterais desse tratamento, que também me são entregues pelo SUS. O que me custaria fácil uns outros R$2.000,00.

Eu acredito em poucas coisas nessa vida. Tenho certeza de que o mundo não é justo, mas é irônico. E também sei que só o humor salva. Mas a única pessoa que pode fazer piada com a minha desgraça sou eu – e faço com regularidade. Afinal, uma doença auto-imune é o cúmulo da auto-sabotagem.

Mas attention shoppers: fazer piada com a tragédia alheia não é humor, é mau gosto. É, talvez, falha de caráter. E falar do que não se conhece é coisa de gente burra. Se você nunca pisou no SUS – se a TV Globo é a referência mais próxima que você tem da saúde pública nacional, talvez esse não seja exatamente o melhor assunto para o seu, digamos, “humor”.

Quem me conhece sabe que eu não voto – não voto nem justifico. Pago lá minha multa de três reais e tals depois de cada eleição porque me nego a ser obrigada a votar. O sistema público de saúde está longe de ser o ideal. E eu adoraria não saber tanto dele quanto sei. O mundo, meus amigos, é mesmo uma merda. Mas nós estamos todos juntos nele, não tem jeito. E é bom lembrar: a ironia é uma certeza. Não comemora a desgraça do amiguinho, não.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Steve Jobs e o declínio americano

Rubens Ricúpero

ex-ministro

Pode impressionar como sinal de mau agouro o desaparecimento de Steve Jobs justamente no momento em que mais se discute o suposto ou real declínio dos EUA. Se examinarmos, um por um, os fatores responsáveis pelo longo predomínio dos americanos, a capacidade de invenção e inovação -da qual Jobs foi a encarnação viva- aparece não só como o mais indiscutível, mas também o mais difícil de emular e superar.

Li uma vez o artigo de um economista chinês que relativizava o êxito da China como "fábrica do mundo" e imbatível exportadora de manufaturas. O artigo lembrava que nenhum dos três produtos que haviam revolucionado o mercado nos anos recentes -o iPhone, o iPod e o iPad- tinha sido inventado pelos chineses, embora a fabricação se fizesse na China devido ao custo.

Essas três novidades se devem à inventividade de Jobs, mas é óbvio que sua morte não esgota a capacidade de inventar e renovar que os EUA não cansam de demonstrar há mais de século e meio. O que me chama a atenção nos americanos não é tanto o talento para as invenções mecânicas, a aplicação de avanços da ciência a máquinas e aparelhos que simplificam a vida cotidiana. Desse tipo de inventor, o símbolo maior foi, sem dúvida, Edison.

Há, porém, outro tipo de invenções, as intangíveis, como foram, no passado medieval ou no começo da modernidade, a criação pelos italianos da letra de câmbio, do contrato de seguro marítimo, da contabilidade de partida dupla, dos bancos e mais tarde, pelos holandeses, da sociedade por ações.

Nessa área, os americanos inovaram em quase tudo, a começar pelo comércio, que quase não havia mudado desde os tempos de fenícios e gregos. Começaram com as vendas por catálogo e reembolso postal, passaram para o supermercado, em seguida para o shopping center, o drive-in, as franquias, o fast food, só para ficar nesses exemplos.

Muito mais transformadoras e imateriais foram as invenções do cartão de crédito e do comércio e do caixa eletrônicos. O que essas invenções trouxeram foi não só a modificação por meios mecânicos de atividades tradicionais como lavar e cozinhar. Aliadas às inovações no domínio da recreação e do relacionamento -a TV, as redes sociais na internet-, elas na verdade recriaram a própria vida, a maneira como as pessoas empregam a maior parte do tempo e se relacionam.

Inovadores não convencionais, sem diploma, de gostos alternativos como Jobs são o produto de uma sociedade inquieta que continuamente se questiona e reinventa a si mesma. Sociedades hierarquizadas e autoritárias como a chinesa não possuem esse dom para inovar.

Enquanto predominava a destruição criadora ("creative destruction"), isto é, a inovação que destruía coisas antigas para dar lugar a novas e melhores, a superioridade americana não corria perigo. Se ela agora está em jogo, é por causa da criação destruidora ("destructive creation"), a financeira, aniquiladora de riqueza e geradora de injustiça.

A ameaça à superioridade americana não vem dos chineses, mas de dentro, de um modelo que dá mais poder e influência a lobistas corruptos e banqueiros destrutivos que a criadores como Jobs.


[publicado originalmente na folha de s paulo nesta segunda]
A vida não tem tempo


Olhos cheios de água
Lembranças de um tempo
Que não volta mais
Será? Será? Será?

Nas ruas todos cuidam de si
Ninguém enxerga as tristezas
Que existem nos corações
Machucados e doloridos

A vida não tem tempo
Para lamúria
Para lamúria
Para lamúria

A vida não tem tempo...

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

 
Isabele


Durante férias na Disney, Orlando (EUA).


Isabele, minha filha, é a guapa morena do meio.


Linda, né?

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Luiz Mendes

Quem mora no Acre e ouviu rádio nas décadas passadas conhece e lembra.

O gaúcho nos brindou com seus comentários sobre futebol na Rádio Nacional, do Rio, nas décadas de 70 e 80.

Atualmente ele trabalhava na Globo, mas já não ia aos estádios...falava de casa, pelo telefone. Estava doente.

Nesta quinta, Mendes ('Minha gente...', costumava dizer ao começar os comentários) era o da 'palavra fácil', simples e compreensível.

O rádio brasileiro está orfão.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011


16 degraus...



As coisas estavam muito ruins...


Desci a escadinha aqui de casa...


E fui ver a minha princesa Isabele tomando café com pão.


Na sua frente, na mesinha da cozinha, além da xícara, a torrada, o pão e o lap top.


Isabele e o lap top são inseparáveis.


Fiquei na borda de um baú tipico de novela de época e pus-me a admirá-la.


Nem olhou para mim.


Envolto em pensamentos mil resolvi subir para o quarto...


Foram 16 degraus que mudaram a minha noite depois que peguei o telemóvel.


A vida é bela e fantástica!


E tem nome!....

segunda-feira, 17 de outubro de 2011


Jornal, qualidade e rigor


Carlos Alberto Di Franco

Televisão e internet são, frequentemente, os bodes expiatórios para justificar a crise dos jornais. Os jovens estão "plugados" horas sem-fim. Já nascem de costas para a palavra impressa. Será? É evidente que a juventude de hoje lê muito menos. Mas não é só a moçada que foge dos jornais. Os representantes das classes A e B também têm aumentado a fileira dos navegantes do espaço virtual.

Os diários de sucesso são aqueles que sabem que o seu público, independentemente da faixa etária, é constituído por uma elite numerosa, mas cada vez mais órfã de jornais de qualidade. Num momento de ênfase no didatismo, na infografia e na prestação de serviços - estratégias convenientes e necessárias -, defendo a urgente necessidade de complicar as pautas. O leitor que devemos conquistar não quer, como é lógico, o que pode conseguir na TV ou na internet. Ele quer informação de qualidade: a matéria aprofundada, a reportagem interessante, a análise que o ajude, de fato, a tomar decisões.

Para sobreviverem os grandes jornais precisam fazer que seja interessante o que é relevante. "O jornalismo impresso deve ser feito para um público de paladar fino e ser importante pelo que conta e pela forma como conta. A narração é cada vez mais importante." É a correta percepção do professor Alfonso Sánchez-Tabernero, vice-reitor da Universidade de Navarra, na Espanha.

Quem tem menos de 30 anos gosta de sensações, mensagens instantâneas. Para isso a internet é imbatível. Mas há quem queira entender o mundo. Para estes deve existir leitura reflexiva, a grande reportagem. Será que estamos dando respostas competentes às demandas do leitor qualificado? A pergunta deve fazer parte do nosso exame de consciência diário.

Antes, os periódicos cumpriam muitas funções. Hoje, não cumprem algumas delas. Não servem mais para nos contar o imediato, o que vimos na TV ou acabamos de acessar na internet. E as empresas jornalísticas precisam assimilar isso e se converter em marcas multiplataformas, com produtos adequados a cada uma delas. Não há outra saída!

Nas experiências que acompanho, no Master em Jornalismo e nos trabalhos de consultoria, ninguém alcançou a perfeição e ninguém se equivocou totalmente. O que se nota é que os jornais estão lentos para entender que o papel é um suporte que permite trabalhar em algo que a internet e a rede social não podem: a seleção de notícias, o jornalismo de alta qualidade narrativa e literária. É isso que o público está disposto a pagar. A fortaleza do jornal não é dar notícia, é se adiantar e investir em análise, interpretação e se valer de sua credibilidade.

Estamos numa época em que informação gráfica é muito valiosa. Mas um diário sem texto é um diário que vai morrer. O suporte melhor para fotos e gráficos não é o papel. Há assuntos que não é possível resumir em poucas linhas. Assistimos a um processo de superficialização dos jornais. Queremos ser light, leves, coloridos, enxutos. O risco é investir na forma, mas perder no conteúdo. Olhemos para o sucesso da revista britânica The Economist. Algo nos deveria dizer. Não é verdade que o público não goste de ler. O público não lê o que não lhe interessa, o que não tem substância, não agrega, não tem qualidade. Um bom texto, para um público que compra a imprensa de qualidade, sempre vai ter interessados.


Daí a premente necessidade de um sólido investimento em treinamento e qualificação dos profissionais. Para mim, o grande desafio do jornalismo é a formação dos jornalistas. Se você for a um médico e ele disser que não estuda há 20 anos, você sai correndo. Mas há jornalistas que não estudam há 20 anos. É preciso criar oportunidades de treinamento. O jornalismo não é rotativa. O valor dele se chama informação de alta qualidade, talento, critério, ética, inovação. Por isso são necessários jornalistas com excelente formação cultural, intelectual e humanística. Gente que leia literatura, seja criativa e motivada.

O conteúdo precisa fugir do previsível. O noticiário de política, por exemplo, tradicionalmente forte nos segmentos qualificados do leitorado, perdeu vigor. Está, frequentemente, dominado pela fofoca e pelo declaratório. Fazemos denúncias (e é importante que as façamos), mas, muitas vezes, faltam consistência, apuração sólida. O resultado é a pauta superada por um novo escândalo. Fica no leitor a sensação de que não aprofundamos, não conseguimos ir até o fim. O marketing político avançou além da conta. Estamos assistindo à morte da política e ao advento da era do declaratório e da inconsistência.

Políticos e partidos vendem uma bela embalagem, mas fogem da discussão das ideias e das políticas públicas. Nós, jornalistas, somos - ou deveríamos ser - o contraponto a essa tendência. Cabe-nos a missão de rasgar a embalagem e mostrar a realidade. Só nós, estou certo, podemos minorar os efeitos perniciosos do espetáculo audiovisual que, certamente, não contribui para o fortalecimento de uma democracia sólida e amadurecida.

Uma cobertura de qualidade é, antes de mais nada, uma questão de foco. É preciso declarar guerra ao jornalismo declaratório e assumir, efetivamente, a agenda do cidadão. O nosso papel é ouvir as pessoas, conhecer suas queixas, identificar suas carências e cobrar soluções dos governantes. O jornalismo de registro, pobre e simplificador, repercute o Brasil oficial, mas oculta a verdadeira dimensão do País real. Precisamos fugir do espetáculo e fazer a opção pela informação. Só assim, com equilíbrio e didatismo, conseguiremos separar a notícia do lixo declaratório.

Só um sério investimento em qualidade e rigor garantirá o futuro dos jornais.

[Carlos Alberto Di Franco - O Estado de S. Paulo]

domingo, 16 de outubro de 2011

Carolina

Não sei por que, mas me peguei nesse sábado, 15, quando guiava, lembrando da minha primeira filha, que viveu apenas 24 horas, em 1996.

Seu nome de batismo: Juliana Carolina.

A música do Chico aí embaixo diz tudo...


quinta-feira, 6 de outubro de 2011



Steve Jobs, da Apple

[Vale à pena ler ou assistir o seu discurso (legendado) aos formandos da Universidade de Stanfor, em 2005.]

"Estou honrado por estar aqui com vocês em sua formatura por uma das melhores universidades do mundo. Eu mesmo não concluí a faculdade. Para ser franco, jamais havia estado tão perto de uma formatura, até hoje. Pretendo lhes contar três histórias sobre a minha vida, agora. Só isso. Nada demais. Apenas três histórias.

A primeira é sobre ligar os pontos.

Eu larguei o Reed College depois de um semestre, mas continuei assistindo a algumas aulas por mais 18 meses, antes de desistir de vez. Por que eu desisti?

Tudo começou antes de eu nascer. Minha mãe biológica era jovem e não era casada; estava fazendo o doutorado, e decidiu que me ofereceria para adoção. Ela estava determinada a encontrar pais adotivos que tivessem educação superior, e por isso, quando nasci, as coisas estavam armadas de forma a que eu fosse adotado por um advogado e sua mulher.

Mas eles terminaram por decidir que preferiam uma menina. Assim, meus pais, que estavam em uma lista de espera, receberam um telefonema em plena madrugada: "temos um menino inesperado aqui; vocês o querem?" Os dois responderam "claro que sim". Minha mãe biológica descobriu mais tarde que minha mãe adotiva não tinha diploma universitário e que meu pai nem mesmo tinha diploma de segundo grau. Por isso, se recusou a assinar o documento final de adoção durante alguns meses, e só mudou de idéia quando eles prometeram que eu faria um curso superior.
Assim, 17 anos mais tarde, foi o que fiz. Mas ingenuamente escolhi uma faculdade quase tão cara quanto Stanford, e por isso todas as economias dos meus pais, que não eram ricos, foram gastas para pagar meus estudos. Passados seis meses, eu não via valor em nada do que aprendia. Não sabia o que queria fazer da minha vida e não entendia como uma faculdade poderia me ajudar quanto a isso. E lá estava eu, gastando as economias de uma vida inteira. Por isso decidi desistir, confiando em que as coisas se ajeitariam. Admito que fiquei assustado, mas em retrospecto foi uma de minhas melhores decisões.Bastou largar o curso para que eu parasse de assistir às aulas chatas e só assistisse às que me interessavam.
Nem tudo era romântico. Eu não era aluno, e portanto não tinha quarto; dormia no chão dos quartos dos colegas; vendia garrafas vazias de refrigerante para conseguir dinheiro; e caminhava 11 quilômetros a cada noite de domingo porque um templo Hare Krishna oferecia uma refeição gratuita. Eu adorava minha vida, então. E boa parte daquilo em que tropecei seguindo minha curiosidade e intuição se provou valioso mais tarde. Vou oferecer um exemplo.

Na época, o Reed College talvez tivesse o melhor curso de caligrafia do país. Todos os cartazes e etiquetas do campus eram escritos em letra belíssima. Porque eu não tinha de assistir às aulas normais, decidi aprender caligrafia. Aprendi sobre tipos com e sem serifa, sobre as variações no espaço entre diferentes combinação de letras, sobre as características que definem a qualidade de uma tipografia. Era belo, histórico e sutilmente artístico de uma maneira inacessível à ciência. Fiquei fascinado.

Mas não havia nem esperança de aplicar aquilo em minha vida. No entanto, dez anos mais tarde, quando estávamos projetando o primeiro Macintosh, me lembrei de tudo aquilo. E o projeto do Mac incluía esse aprendizado. Foi o primeiro computador com uma bela tipografia. Sem aquele curso, o Mac não teria múltiplas fontes. E, porque o Windows era só uma cópia do Mac, talvez nenhum computador viesse a oferecê-las, sem aquele curso. É claro que conectar os pontos era impossível, na minha era de faculdade. Mas em retrospecto, dez anos mais tarde, tudo ficava bem claro.

Repito: os pontos só se conectam em retrospecto. Por isso, é preciso confiar em que estarão conectados, no futuro. É preciso confiar em algo - seu instinto, o destino, o karma. Não importa. Essa abordagem jamais me decepcionou, e mudou minha vida.

A segunda história é sobre amor e perda.

Tive sorte. Descobri o que amava bem cedo na vida. Woz e eu criamos a Apple na garagem dos meus pais quando eu tinha 20 anos. Trabalhávamos muito, e em dez anos a empresa tinha crescido de duas pessoas e uma garagem a quatro mil pessoas e US$ 2 bilhões. Havíamos lançado nossa melhor criação - o Macintosh - um ano antes, e eu mal completara 30 anos.

Foi então que terminei despedido. Como alguém pode ser despedido da empresa que criou? Bem, à medida que a empresa crescia contratamos alguém supostamente muito talentoso para dirigir a Apple comigo, e por um ano as coisas foram bem. Mas nossas visões sobre o futuro começaram a divergir, e terminamos rompendo - mas o conselho ficou com ele. Por isso, aos 30 anos, eu estava desempregado. E de modo muito público. O foco de minha vida adulta havia desaparecido, e a dor foi devastadora.

Por alguns meses, eu não sabia o que fazer. Sentia que havia desapontado a geração anterior de empresários, derrubado o bastão que havia recebido. Desculpei-me diante de pessoas como David Packard e Rob Noyce. Meu fracasso foi muito divulgado, e pensei em sair do Vale do Silício. Mas logo percebi que eu amava o que fazia. O que acontecera na Apple não mudou esse amor. Apesar da rejeição, o amor permanecia, e por isso decidi recomeçar.

Não percebi, na época, mas ser demitido da Apple foi a melhor coisa que poderia ter acontecido. O peso do sucesso foi substituído pela leveza do recomeço. Isso me libertou para um dos mais criativos períodos de minha vida.

Nos cinco anos seguintes, criei duas empresas, a NeXT e a Pixar, e me apaixonei por uma pessoa maravilhosa, que veio a ser minha mulher. A Pixar criou o primeiro filme animado por computador, Toy Story, e é hoje o estúdio de animação mais bem sucedido do mundo. E, estranhamente, a Apple comprou a NeXT, eu voltei à empresa e a tecnologia desenvolvida na NeXT é o cerne do atual renascimento da Apple. E eu e Laurene temos uma família maravilhosa.

Estou certo de que nada disso teria acontecido sem a demissão. O sabor do remédio era amargo, mas creio que o paciente precisava dele. Quando a vida jogar pedras, não se deixem abalar. Estou certo de que meu amor pelo que fazia é que me manteve ativo. É preciso encontrar aquilo que vocês amam - e isso se aplica ao trabalho tanto quanto à vida afetiva. Seu trabalho terá parte importante em sua vida, e a única maneira de sentir satisfação completa é amar o que vocês fazem. Caso ainda não tenham encontrado, continuem procurando. Não se acomodem. Como é comum nos assuntos do coração, quando encontrarem, vocês saberão. Tudo vai melhorar, com o tempo. Continuem procurando. Não se acomodem.
Minha terceira história é sobre morte.

Quando eu tinha 17 anos, li uma citação que dizia algo como "se você viver cada dia como se fosse o último, um dia terá razão". Isso me impressionou, e nos 33 anos transcorridos sempre me olho no espelho pela manhã e pergunto, se hoje fosse o último dia de minha vida, eu desejaria mesmo estar fazendo o que faço? E se a resposta for "não" por muitos dias consecutivos, é preciso mudar alguma coisa.

Lembrar de que em breve estarei morto é a melhor ferramenta que encontrei para me ajudar a fazer as grandes escolhas da vida. Porque quase tudo - expectativas externas, orgulho, medo do fracasso - desaparece diante da morte, que só deixa aquilo que é importante. Lembrar de que você vai morrer é a melhor maneira que conheço de evitar armadilha de temer por aquilo que temos a perder. Não há motivo para não fazer o que dita o coração.

Cerca de um ano atrás, um exame revelou que eu tinha câncer. Uma ressonância às 7h30min mostrou claramente um tumor no meu pâncreas - e eu nem sabia o que era um pâncreas. Os médicos me disseram que era uma forma de câncer quase certamente incurável, e que minha expectativa de vida era de três a seis meses. O médico me aconselhou a ir para casa e organizar meus negócios, o que é jargão médico para "prepare-se, você vai morrer".

Significa tentar dizer aos seus filhos em alguns meses tudo que você imaginava que teria anos para lhes ensinar. Significa garantir que tudo esteja organizado para que sua família sofra o mínimo possível. Significa se despedir.

Eu passei o dia todo vivendo com aquele diagnóstico. Na mesma noite, uma biópsia permitiu a retirada de algumas células do tumor. Eu estava anestesiado, mas minha mulher, que estava lá, contou que quando os médicos viram as células ao microscópio começaram a chorar, porque se tratava de uma forma muito rara de câncer pancreático, tratável por cirurgia. Fiz a cirurgia, e agora estou bem.

Nunca havia chegado tão perto da morte, e espero que mais algumas décadas passem sem que a situação se repita. Tendo vivido a situação, posso lhes dizer o que direi com um pouco mais de certeza do que quando a morte era um conceito útil, mas puramente intelectual.

Ninguém quer morrer. Mesmo as pessoas que desejam ir para o céu prefeririam não morrer para fazê-lo. Mas a morte é o destino comum a todos. Ninguém conseguiu escapar a ela. E é certo que seja assim, porque a morte talvez seja a maior invenção da vida. É o agente de mudanças da vida. Remove o velho e abre caminho para o novo. Hoje, vocês são o novo, mas com o tempo envelhecerão e serão removidos. Não quero ser dramático, mas é uma verdade.

O tempo de que vocês dispõem é limitado, e por isso não deveriam desperdiçá-lo vivendo a vida de outra pessoa. Não se deixem aprisionar por dogmas - isso significa viver sob os ditames do pensamento alheio. Não permitam que o ruído das outras vozes supere o sussurro de sua voz interior. E, acima de tudo, tenham a coragem de seguir seu coração e suas intuições, porque eles de alguma maneira já sabem o que vocês realmente desejam se tornar. Tudo mais é secundário.

Quando eu era jovem, havia uma publicação maravilhosa chamada The Whole Earth Catalog, uma das bíblias de minha geração. Foi criada por um sujeito chamado Stewart Brand, não longe daqui, em Menlo Park, e ele deu vida ao livro com um toque de poesia. Era o final dos anos 60, antes dos computadores pessoais e da editoração eletrônica, e por isso a produção era toda feita com máquinas de escrever, Polaroids e tesouras. Era como um Google em papel, 35 anos antes do Google - um projeto idealista e repleto de ferramentas e idéias magníficas.

Stewart e sua equipe publicaram diversas edições do The Whole Earth Catalog, e quando a idéia havia esgotado suas possibilidades, lançaram uma edição final. Estávamos na metade dos anos 70, e eu tinha a idade de vocês. Na quarta capa da edição final, havia uma foto de uma estrada rural em uma manhã, o tipo de estrada em que alguém gostaria de pegar carona. Abaixo da foto, estava escrito "Permaneçam famintos. Permaneçam tolos". Era a mensagem de despedida deles. Permaneçam famintos. Permaneçam tolos. Foi o que eu sempre desejei para mim mesmo. E é o que desejo a vocês em sua formatura e em seu novo começo.

Mantenham-se famintos. Mantenham-se tolos. Muito obrigado a todos. [Steve Jobs 1955-2011]

quarta-feira, 5 de outubro de 2011


Correr e pensar

Por Tostão - ex-jogador


[O Brasil é fábrica de velocistas, ideais para o contra-ataque. Raros têm talento para a seleção]

ANTES DA Copa de 2010, o Brasil, sob o comando de Dunga, ganhou a maioria das partidas no contra-ataque, contra fracos e fortes adversários.

Mano Menezes assumiu o cargo e disse que o time teria outro estilo. Com Neymar, Lucas e se ainda tiver Kaká, jogadores hábeis e velozes, o estilo continuará o mesmo da época de Dunga. No contra-ataque, Lucas fez um belíssimo gol contra a Argentina. Quem define a filosofia de uma equipe são as características dos principais jogadores, e não os treinadores.

Nas Séries A, B, C e D do Brasileirão, nas categorias de base e na seleção principal, predominam as jogadas aéreas, a velocidade e os contra-ataques. É o atual estilo brasileiro. O Brasil é uma fábrica de velocistas. Pouquíssimos têm talento para o nível da seleção brasileira.

Existem ótimas e fracas equipes, com todos os estilos. Muito mais importante que o estilo é a qualidade dos jogadores.

A maioria associa o contra-ataque com defensivismo. Não é sempre assim. O contra-ataque pode se iniciar no próprio campo, no centro do gramado ou no campo adversário, quando se marca por pressão.

O ideal é unir a posse de bola, a troca de passes e as triangulações com o contra-ataque, como fazem os dois melhores times do mundo, Barcelona e Real Madrid. No Barcelona, predomina a bola de pé em pé. No Real, o contra-ataque.

A seleção, na Copa-1970, tinha as duas características. No segundo gol, contra o Uruguai, Jairzinho, como Lucas, contra a Argentina, partiu do próprio campo para fazer o gol. Os dois são hábeis, velozes, finalizam bem e têm muita força física.

Como a atual seleção enfrenta, na maioria das vezes, adversários que marcam atrás e deixam poucos espaços para o contra-ataque, terá de aprender a ficar mais com a bola, até ter a chance de fazer o gol. As razões dessa deficiência são o atual estilo brasileiro e a falta de grandes armadores, pensadores, organizadores, que atuem de uma intermediária à outra.

A máxima de que futebol se ganha no meio-campo não existe no Brasil há muito tempo.

A pressa de chegar ao gol, reflexo do mundo apressado de hoje, acabou com o meio-campo. A bola vai e volta. Parece pingue-pongue. Isso tornou nosso futebol menos eficiente em relação às principais seleções.

Há momentos para agir e para pensar, para a velocidade e para a pausa, contração e relaxamento, sístole e diástole.

Difícil é, ao mesmo tempo, correr e pensar, como disse, tempos atrás, um jogador.

[publicada originalmente na FSP de hoje]

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Não se ganha jogo de véspera

Por Robinson Braga*

Por exemplo, a situação do Paysandu, mudou do vinagre pro vinho em grande parte por algumas circunstancias, como duas vitorias nos minutos finais - contra o america (o América perdeu um gol no cara crachá)  e contra o Rio  Branco (o Rio Branco não merecia vencer) mas como diria o Nelson Rodrigues, o sobrenatural de almeida reservou as vitórias nos instantes finais.

Uma das lições é que não se ganha jogo de véspera (nunca esquecer o macaranaço de 50), ou também tabu não é pra sempre. Há varias situações do futebol muito curiosas, veja o exemplo do Cruzeiro ainda não se recuperou da derrota para o Once Caldas e está correndo o risco de ser rebaixado.

O Paysandu mereceu vencer, tem o erro da arbitragem, tem o mérito do Paysandu e tem o desempenho abaixo da média do Rio Branco. Entre a vitória anterior e esta derrota tem que o Paysandu mudou de técnico que cobrou mais dos jogadores e então adotadaram outra postura.

Do Rio Branco creio que foi tanto a história do tabu como o clima de que já estava na Série B. Acho que tem o fraco desempenho dos jogadores mas não creio que seja falta de atitude ou dedicação ou outra coisa semelhante. Sinceramente acho absurdo crucificar esse ou aquele jogador (como fizeram com o Fred e agora com o Kleber). Não vi isso, mas é preciso estar perto para ter certeza.

Bom, continuamos depois.

*Robinson Braga - professor de Economia da UFAC

domingo, 2 de outubro de 2011


O Estrelão e os mitos criados...

Eu vi o jogo no Arena da Floresta.

Foi uma partida chata. Tecnicamente fraca.

Rio Branco e Paysandu (PA) fizeram um dos piores jogos que vi no melhor estádio do Brasil. A deficiência técnica e física do nosso time salta aos olhos.

É. O Arena é o único lugar onde se assiste futebol no país que o vendedor ambulante pega uma nota de
R$ 50, não tem troco no momento, e o cliente fica esperando ele trocar...

De repente, o cara reaparece e devolve o teu dinheiro. Quem já foi ao Maracanã, Morumbi, Mineirão, Beira-Rio, La Bombonera, etc...sabe do que estou falando.

O Arena (o estádio) é o mais seguro de todos no Brasil. Pode levar sua mãe, seu pai de 80 anos que eles vão ficar tranqüilos para ver o jogo. Não tem problema nenhum com torcedores marginais que os outros estados têm em profusão.

Outra coisa: resolvi ir ao jogo quinze minutos antes de começar a partida. Cheguei em cima da hora. O Arena estava quase lotado. Não passei mais de um minuto para comprar o ingresso e, para entrar, foi uma moleza.

Ao fim do jogo achei meu carro às 20h no estacionamento lotado. Estava em casa escrevendo este texto, às 20h15min. De dá inveja aos torcedores do resto do Brasil.

Comodidade desse tipo somente nos estádios da Europa, os melhores, e nos estádios do futebol americano. No Brasil, o Arena da Floresta bate em todos em segurança, conforto e acessibilidade.

Mais e os mitos do Rio Branco?

O Estrelão perdeu o jogo por 2 a 1 para o Paysandu, de Belém.

Os apressados já falaram: ‘O Estrelão foi roubado na Arena.’ Nada disso.

Tive o cuidado de falar com o pessoal da TV Aldeia sobre o gol do Paysandu, que não teria entrado. O narrador Badaró me disse:

-Não dá para ter certeza se entrou ou não entrou. Para mim, entrou, mas não dá para dizer com absoluta certeza.

Ora, se nem a TV consegue esclarecer se a bola entrou imagina o bandeirinha e o árbitro que têm que decidir naquele momento, sem replay.

Mas criaram na imprensa do Acre, já faz algum tempo, que o time acreano é profissional. Em teoria, no cartório, sim. Na prática continua amador.

É o primeiro mito. O mito do profissionalismo.

O segundo mito: fizeram crer ao longo dos anos que alguns jogadores são excepcionais. É o caso de Testinha. que acredita ser o Pelé, o Zico, o Messi, o Rivelino, o Zidane.

Hoje o Rio Branco jogou com 10 jogadores. O ‘craque’ Testinha não viu a bola. Acho que tá na hora de outro assumir o seu lugar na equipe. O Estrelão ganharia em economia e rendimento em campo.

A imprensa esportiva do Acre não tem coragem de fazer uma única crítica a esse jogador Testinha...Não sei os motivos....Esse é o mito mais forte.

E o terceiro mito: a preparação física do time acreano tem que se profissionalizar. Condicionamento físico é ciência e os times do Acre, não somente o Rio Branco, estão na idade da pedra em preparação física.

Ou seja, não há estudos sendo feitos para a preparação física dos atletas de futebol do Acre.

A UFAC poderia ajudar nisso...Poderia, mas também nem se mexe.

O fato é que ainda estou chateado com a derrota do time do Acre para o Paysandu, que tem história e deverá estar na segunda divisão no próximo ano.

Com relação ao Estrelão, tá na hora de acabar com os mitos e encarar a realidade.






terça-feira, 27 de setembro de 2011

sábado, 24 de setembro de 2011


107 anos

Sena Madureira resiste.

A cidade é mais forte que as lufadas que a atormentam.

É como galho de goiabeira...

...Verga até o chão e não quebra.

O Principado tem uma missão histórica:

De ser protagonista de um novo tempo.

Mesmo que os ventos não queiram...


sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Que tal a marcha contra os caloteiros?

Por Altamiro Borges - Vermelho

Entre os mais descarados estão os velhos latifundiários, muitos travestidos de modernos barões do agronegócio. Só o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) já aplicou 71 mil multas, no valor de R$ 10,5 bilhões, mas recebeu apenas 0,34%. Eles exploram trabalho escravo, usam jagunços, destroem o meio ambiente e ainda dão calote!


O relatório do TCU, que não ganhou qualquer destaque no Jornal Nacional da ética TV Globo, também inclui bancos, faculdades privadas e operadoras de cartão de crédito, entre outras corporações empresariais. Depois dos ruralistas, os casos mais escandalosos de multas aplicadas e não recolhidas são as das concessionárias de serviços públicos.

Ricos não são presos no Brasil
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aplicou 17,5 mil multas no valor de R$ 5,8 bilhões, mas recebeu apenas 4,28% do total. Já a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) impôs 926 multas, no montante de R$ 900 milhões, dos quais apenas 11,17% foram pagos. Além de oferecer péssimos serviços, elas não pagam o que devem! Na maioria multinacionais, ainda exigem redução de impostos.
Este quadro lamentável confirma que no Brasil só o ladrão de galinhas vai preso. Os empresários multados têm prazo de cinco anos para recorrer ao Judiciário. “Os processos são lentos e a aplicação da multa é passível de recurso, e os casos que vão parar na Justiça podem demorar até 10 anos”, critica o advogado Anderson Albuquerque.

A mídia udenista topa?
O uso interminável de recursos à Justiça para protelar o pagamento das multas contrasta com os prejuízos impostos ao consumidor. No setor elétrico, a falta de manutenção das redes ou de investimentos na manutenção dos velhos equipamentos é uma das principais causas dos apagões em São Paulo e da explosão de bueiros no Rio de Janeiro.

Alguns destes caloteiros até devem ter apoiado as “marchas contra a corrupção” no 7 de setembro, ou levado seus filhinhos em carros importados. Eles detestam a corrupção… dos outros. Odeiam o inchaço do poder público, com seus órgãos de fiscalização que pentelham suas vidas. Exigem menos Estado, menos fiscalização e menos impostos!

Que tal a mídia demotucana, tão empolgada com as recentes marchas, convocar uma contra os caloteiros? Afinal, o rombo nos cofres públicos, segundo o TCU, foi de R$ 23 bilhões. Se topar essa sugestão, a mídia mostrará que não é oportunista, que seu moralismo não é falso. O risco é perder os anúncios das empresas caloteiras. Será que ela topa?

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Sem assunto


Tenho me mantido calado, mas tem alguns na imprensa local que não me esquecem.


Colunista político sem informação é um horror.

sábado, 3 de setembro de 2011

Folga forçada

Estou há oito dias me recuperando ainda de uma cirurgia no olho esquerdo.

Tô bem, mas somente com um olho dando expediente pleno.

Mais uns dias e volto a postar com mais frequência, mas não tanta.

O outro olho, o direito, também passará por uma reformazinha.

Afinal de contas...o tempo passa e os olhos precisam de atenção também.

Ah. Descobri nesses dias de pirata que os olhos dependem muito um do outro.

Um fica triste e passa não funcionar direito se o outro está passando por algum problema (no meu caso recuperando bem).

Onde fiz a cirurgia?

No mutirão do Tião.

PS: o 'Folhetim Sena Tem Que Mudar' sairá nos próximos dias. Fiquem tranquilos, meus conterrâneos do Principado de Sena.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011




Paula Fernandes tem um fã


Hoje no Facebook, na página do Leônidas Badarô, para os íntimos 'Leônidas Bueno' (tá fazendo um programa na TV Aldeia melhor que a criatura da Globo) ele espinafrou a voz da menina dos olhos de Roberto Carlos, a cantora Paula Fernandes.


Foi uma saraivada de críticas a sua voz, inclusive eu, que não gosto do estilo dela. Mas houve quem defendesse a artista. Natural.


Mas o que vocês não sabem é o seguinte: o maior fã da Paula Fernandes por aqui é Padre Paolino, o padre mais comprometido com a preservação da floresta do Acre.


Depois da Expoacre fui ao Principado de Sena e, assim que ele me viu, foi logo perguntando:


-Foi pro show da Paula Fernandes?


-Eu, padre? Fui não. Nem sei se ela veio no Acre.


E ele:


-É uma boa cantora. Muita gente da igreja gosta.


E, claro, o velho padre também.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011


Entrevista de Dilma


Luiz Gonzaga Beluzzo, Mino Carta e Sérgio Lírio - Carta Capital

Os gravadores ainda estavam desligados, a conversa versava sobre artes plásticas, quando Dilma Rousseff por um instante, pensou em outra vida: "Vocês sabem que eu gostaria de ter sido pintora, não?"
Quase no fim da entrevista, ela voltaria ao tema, um de seus preferidos, ao mostrar um livro sobre um grupo de sete pintores canadenses do começo do século passado, sua distração do momento. 


No mais, a presidenta aparentava bom humor. E não havia um motivo específico para tanto. Ao contrário. A terça-feira 9 seria mais um daqueles dias em que o Palácio do Planalto se veria obrigado a reagir à contingência. Logo no raiar do dia, a Polícia Federal havia prendido 36 suspeitos de participar de um esquema de corrupção no Ministério do Turismo, entre eles o secretário-executivo da pasta.

A operação soma-se a uma profusão de denúncias que culminaram na queda de António Palocci, na faxina nos Transportes e nas demissões na Agricultura. Com resultados agora medidos sobre a aprovação da presidenta e de seu governo. Segundo pesquisa Ibope divulgada no dia seguinte, a popularidade de Dilma recuou 6 pontos percentuais em relação à última medição. O mesmo se deu com o apoio à administração.

No flanco econômico, as bolsas de valores davam uma pequena trégua, mas prenunciavam os próximos dias de terror com o aprofundamento da crise econômica na Europa e o rebaixamento dos títulos da dívida dos Estados Unidos.

"A situação mudou e o Brasil será obrigado a reagir de forma diferente à nova realidade", afirmou Dilma, sem informar se a mudança em curso significa interromper a alta dos juros para conter uma inflação que já não mostra mais o ímpeto do primeiro semestre. "Pode ser exigido de nós um grande esforço."

A entrevista, em uma antessala do gabinete presidencial, precedeu uma reunião sobre o modelo de concessão de aeroportos a ser adotado pelo governo. Durante a conversa, que durou um pouco mais de uma hora, a presidenta negou que a nomeação de Celso Amorim para a Defesa tenha causado desconforto nas casernas ("Não estamos mais na época das vivandeiras"), afirmou que estádios e aeroportos estarão prontos a tempo para a Copa 2014, expressou-se de forma distante sobre Ricardo Teixeira e garantiu que a Comissão da Verdade será instalada.

E revelou seu novo projeto na área de saúde, definido por ela como sua mais nova "obsessão": a adoção do home care, atendimento de saúde em casa nos moldes existentes no Reino Unido e nos EUA. "É mais barato, é melhor para as pessoas e pode ser feito em escala maior com um custo fixo muito pequeno e com um custo variável interessante."

A entrevista será publicada em duas partes. A próxima sairá na edição especial 660, que chega às bancas em São Paulo na sexta-feira 19.

CartaCapital: Aquela simpatia inicial da mídia em relação à senhora parece ter passado. Há as denúncias de corrupção, que precisam ser investigadas, mas há também essa tentativa de criar uma tensão do nada, como no caso da nomeação de Celso Amorim para a Defesa.

Dilma Rousseff: O que acho complicado no Brasil é que os problemas reais perdem espaço para os acessórios, ou para os que não são reais. Isso é muito ruim, porque há uma tendência de as pessoas se importarem mais com o espetáculo do que com a realidade cotidiana das coisas. E normal, talvez por isso, inclusive, que todos gostemos de folhetins. Não posso ficar reclamando. Agora, essa relação com a mídia, não sei se ela não é assim em todos os governos, desconfio que...

CC: Em todos os governos do Brasil ou do mundo?

DR: Do mundo. Você tem uma relação contraditória com a mídia. Veja o que ocorre, por exemplo, nos Estados Unidos, entre a Fox e o Obama. E há essa coisa horrorosa que é o News ofthe World na Inglaterra. Não acho que eu seja tratada da mesma forma por todos os jornais. Têm grupos de mídia mais suscetíveis a encarar as transformações pelas quais o Brasil passa e têm outros menos suscetíveis. Não acho que o governo deva se pautar por isso, pela mídia.

Isso não significa não dar importância. Dou importância e tenho obrigação de responder e levar em consideração as demandas. Agora, não vou gastar nisso todo o meu tempo, que é político. Tenho de gastar meu tempo tratando dos assuntos que resolvem problemas do País.

CC: Mas nas últimas semanas, a começar pela crise nos Transportes até a mais recente, na Agricultura, o seu governo parece apenas reagir a uma série de denúncias de corrupção publicada pela mídia. 

DR: Afastamos as pessoas quando achamos que o caso era grave. Não acho que somos pautados pela mídia em nenhum desses casos. Nem na história dos Transportes, nem da Agricultura ou de qualquer outro caso que por ventura ocorra, não temos o princípio de ficar julgando as pessoas, fazendo com que elas provem que não são culpadas. Somos a favor daquele princípio da Revolução Francesa, muito civilizado, que cabe a quem acusa provar a culpa de quem é acusado.

Mas não acho que o governo deva abraçar processos de corrupção. Por razões éticas, mas também por conta de outro fator: um governo que se deixa capturar pela corrupção é altamente ineficiente. É inadmissível diante de tão pouco dinheiro que temos para fazer as coisas. Então, por uma questão não só ética e moral, mas de eficiência, você é obrigado a tomar providência.

CC: Falemos da nomeação de Celso Amorim. Essa história de que as casernas estão irritadas com a nomeação dele...

DR: É relevante?

CC: Ê relevante?


DR: Não acho. Primeiro, porque não estamos mais na época das vivandeiras. As Forças Armadas são disciplinadas, hierarquizadas e cumprem seus preceitos constitucionais. Estão subordinadas ao Poder Civil e é assim pelo fato de a sociedade brasileira ter evoluído nessa dire cão. Não é uma conquista do governo ou da mídia, é da sociedade brasileira. Agora, se há setores, absolutamente minoritários, entre os militares ou na mídia que assim pensam, é irrelevante, faz parte do passado, de uma visão atrasada da História. Outra coisa muito grave, aquém da realidade, é achar alguém insubstituível. As pessoas têm de ter a humildade de perceber que não são insubstituíveis, a gente descobre isso quando criança, principalmente se você perde algum parente importante, como o pai ou a mãe, cedo.

Além disso, nem na época da monarquia o rei era insubstituível, havia aquela história dos dois corpos do rei, o divino e o humano. O rei morreu, viva o novo rei. O tempo é o senhor desse processo e tenho certeza de que o Celso Amorim vai demonstrar uma grande capacidade de gestão, vai levar à frente a nossa Política Nacional de Defesa e vai fortalecer e modernizar as Forças Armadas. Vamos discutir daqui a um ano. Tem gente que olha para o passado. Eu olho para o futuro.


CC: A senhora já refletiu,fez alguma interpretação, sobre o comportamento do ex-ministro Nelson Jobim? 

DR: Ah, não faço nenhuma interpretação. É uma página virada, não temos de ficar discutindo. Isso pode até ser interessante para a mídia, mas para o governo não é.

CC: Acompanhei as suas declarações recentes sobre a crise. A senhora disse que o Brasil está mais preparado do que em 2008. É isso? 

DR: Você me ouve e eu te leio, viu Belluzzo (risos). Vivemos um momento que ninguém da nossa geração imaginou viver. Jamais pensei na minha vida que eu veria uma agência de classificação de risco rebaixar a nota dos títulos dos Estados Unidos. Fiquei perplexa. De uma certa forma, tirando um aspecto um tanto irónico da situação, não acho que essa agência (Standard à Poor's) seja muito responsável ou tenha tomado uma decisão fundamentada. Não houve nenhuma grande alteração, a não ser política, que justificasse. De qualquer forma, isso indica muito o momento que o mundo vive, no qual há duas coisas incontestáveis.

CC: Quais? 

DR: Temos uma crise profunda, que, como todos sabem, não foi produzida pelos governos. Deve-se a uma crise do mercado financeiro, da sua desregulamentação, com aquiescência, aí sim, do poder público. Ontem, por acaso, estava com dificuldade de dormir e voltei a assistir ao documentário Inside Job, um filme que todo mundo deveria assistir. É impressionante como, por meio dos depoimentos, o absoluto descontrole fica patente.

E em vez de tomarem medidas cabíveis para retomar as condições de crescimento, encheram os bancos de dinheiro outra vez, mantiveram a desregulamentação, continuaram com o processo de descontrole e agora a crise se exprime de forma muito forte na Europa. Há duas utopias apresentadas como possíveis. Há aquela americana, a solução dos republicanos, que acham ser possível sair de uma das maiores crises, gerada não pelo descontrole dos gastos públicos, diminuindo o papel do Estado. Nesse debate há a tentativa dos republicanos de reduzir a nada o Estado. Não se recupera uma economia desse jeito.

CC: E a outra? 

DR: Tem uma segunda utopia vendida lá na Europa. É a seguinte: é possível a gente ter uma união monetária em que a economia central, ou as economias centrais, se beneficiam de uma única moeda, estruturam um mercado, vendem os seus produtos para esse mercado e não têm a menor responsabilidade fiscal, punindo seus integrantes quando eles entram em crise, também provocada pelo nível de empréstimo dos bancos privados. Há um sujeito oculto engraçado, um Estado supranacional com uma política fiscal comum para socorrer os integrantes e não deixar, por exemplo, que a Grécia não tenha outra saída a não ser matar seus velhi nhos, atirá-los do penhasco, que era o que acontecia antes, ou acabar em uma redução brutal dos salários e das pensões.

Agora, com a Itália e a Espanha, o problema ficou mais complexo, entra em questão a União Europeia. Parece, lendo os jornais europeus, que as ofertas de socorro são poucas e chegaram tarde. São duas utopias muito graves, porque, como disse o Belluzzo, é mais do mesmo e uma tentativa de responder à crise com aquilo que a causou. Em vez de mudar o roteiro da pauta, responde-se com o que a causou. Agora, o Brasil tem de reagir a essa situação.

CC: Como? 

DR: Todas as situações são inusitadas, não são aquilo que ocorreu no passado. O momento agora não é igual ao de 2008 e 2009. Temos um problema sério, porque os EUA podem ir para o quantitative easingS (emissão de dólares) e aí eles vão inundar este nosso País. Não tem para onde ir e então eles virão para os mercados existentes, ou seja, nós.

Como disse a ministra da Indústria da Argentina, virão para um mercado apetecible. Somos apetecibles, acho que o espanhol tem essa capacidade sonora de às vezes mostrar quão apetecibles somos. Começamos a tentar uma política bastante clara no sentido de conter esses avanços quando o governo colocou aquela tributação sobre os derivativos, porque sabemos que o efeito disso é a entrada aqui, ela se dá por essa arbitragem dos juros.

CC: Mas o que se pode fazer? Começar a baixar os juros? 

DR: Não vou te dizer qual é a nossa receita, porque, se fizer essa antecipação, cometerei um equívoco político e econômico. Vamos, o governo, olhar a partir de agora de uma forma diferente essa situação que vem pela frente, porque é algo distinto. Não estamos mais na mesma situação de antes, nem sabemos direito o que vem, mas estamos com abertura suficiente para perceber que pode ser exigido de nós um grande esforço para conter isso. De outro lado, percebemos que, além de tudo, há o fato de que a indústria manufatureira no mundo está com uma grande capacidade ociosa, procurando de forma urgente mercados, e que somos esse mercado.

Não vamos deixar inundar o Brasil com produtos importados por meio de uma concorrência desleal e muitas vezes perversa. Vamos fazer uma política de conteúdo nacional com inovação, a mesma que aplicamos em relação à Petrobras e que deu origem à encomenda de estaleiros novos produzidos no País. Também vamos olhar o efeito da crise por setor, porque ele é assimétrico. Alguns são mais prejudicados que outros. Os mais afetados receberão estímulos e proteção específicos. Haverá uma política de defesa comercial, além da continuidade de nossas políticas sociais e de estímulo ao investimento e ao consumo. Hoje (terça-feira 9), por exemplo, ampliamos o Supersimples.

Fizemos uma grande isenção tributária que beneficiará um universo muito grande de empresas. Teremos ainda uma política de incentivo à exportação por meio do Reintegra, uma novidade. Nunca tínhamos feito nessa escala. Sabemos que isso é só um início e estamos abertos a todas as outras hipóteses de trabalho, vamos acompanhar de forma pontual. É como se diz no futebol, marcação homem a homem. Aqui também será marcação mulher a mulher e de todos os jeitos possíveis (risos).

CC: Falemos um pouco da Copa de 2014. Por que as coisas não estão andando como deveriam? 

DR: Gostaria de entender por que isso.

CC: Por que achamos isso?

DR: Baseados em quê?

CC: As obras estão lentas, outras foram paralisadas... 

DR: Quais?

CC: Estádios... 

DR: Vivemos em uma democracia. Temos o Judiciário, o Legislativo e o Executivo.

CC: Há outro motivo. 

DR: Qual?

CC: A Fifa é uma organização mafiosa e o nosso líder futebolístico fica muito bem dentro desse panorama. 

DR: Quem é o nosso chefe?

CC: O Ricardo Teixeira. DR: Do governo ele não é. 

CC: Do futebol. Há quem diga que a senhora não o recebe. 

DR: Recebo sim, são relações institucionais. Mas voltemos às obras. É preciso fazer uma diferença: as obras essenciais e aquelas que serão legado. No caso dos estádios, essenciais, tomamos uma providência muito clara. Eles disseram que os estádios serão privados. Dentro dessa visão, eles não estariam na matriz de responsabilidade do governo federal. Mas a União, sabendo do seu poder de financiamento, principalmente de longo prazo, escalou o BNDES para financiar dentro dos valores definidos internacionalmente pela Fifa.

São até 400 milhões de reais. Na última avaliação, das obras de estádios em andamento, dez estavam com zero de problemas, fora as dificuldades normais inerentes a grandes projetos. Uma licença que atrasa aqui, algo que precisa arrumar ali. Dois não tinham iniciado obras ainda e eram problemáticos. Um por problema na licitação, que foi refeita. O outro, por conta de uma discussão entre o Ministério Público Federal, o TCU e a CGU. E havia o estádio em São Paulo, cuja situação é pública e notória, e por isso eu a cito aqui.

Fizemos muita pressão para resolver o impasse de uma vez por todas. O governo estadual decidiu então entrar, assim como a prefeitura. Acreditamos que o estádio em São Paulo será o que vai ficar pronto mais em cima da hora, mas vai ficar pronto antes do começo da Copa. Vamos supor, porém, que haja algum que não fique pronto. Temos 12 sedes e, em qualquer hipótese, seria possível realizar a Copa com bem menos do que isso. Não vejo risco nenhum nesse sentido.

CC: E o resto da infraestrutura? Aeroportos, por exemplo. 

DR: No dia dos jogos vai ter feriado e não haverá concorrência com a estrutura logística. Os aeroportos são, ao contrário, essenciais, ainda mais em um país continental. Dos aeroportos com grandes problemas, temos São Paulo e Brasília, os demais têm muito menos problemas. Por isso decidimos fazer concessões privadas em ambos.

Estamos perto de bater o martelo na formatação do leilão. O edital sai em dezembro, a contratação em fevereiro ou março. Concederemos 51%, os outros 49% ficam com a Infraero. Antes, explico o que não vamos conceder: o sistema de navegação e o de aproximação, portanto, nenhuma das torres. Nem o sistema público responsável pela gestão dos voos. Vai continuar a ser responsabilidade do Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo), na sua grande maioria, e da Infraero, em menor proporção. Sobra para o setor privado a exploração comercial, a administração do aeroporto e a ampliação.

CC: Aumentar a capacidade. 

DR: Em São Paulo, vamos reforçar Guarulhos, mas o futuro está em Viracopos, pois Cumbica caminha a passos acelerados para o esgotamento de sua capacidade. Ele não tem retroárea suficiente para expandir, a cidade cresceu naquela direção e o custo para desapropriar é elevado, tanto no que se refere a pequenos imóveis unifamiliares quanto a empresas.

Já estudamos várias alternativas, inclusive mudar a configuração da pista, mas é inviável. O que podemos expandir? Os terminais de passageiros. Há ainda o que fazer no pátio e na pista. Fizemos agora uma contratação por emergência de um módulo e de um terminal. Serão entregues até dezembro, pois nossa preocupação não é só a Copa. A taxa de uso de avião cresce 20% ao ano no Brasil, um escândalo.

CC: São os puxadinhos... 

DR: Puxadinhos, meu filho, foi o que segurou a Copa da África do Sul. Não faremos isso. Vamos segurar até a Copa, mas, quando ela chegar, teremos estrutura. Qual é o problema? Guarulhos sustenta o sistema. A licitação terá de levar em conta esse fato. Vamos ter de criar um fundo que pegue parte dessa renda e a distribua.

Ela não pode ficar apenas para quem explora o aeroporto. Não é uma licitação trivial, portanto. Em um segundo momento, vamos nos concentrar no Galeão (Rio de Janeiro) e em Confins (Belo Horizonte). O problema dos aeroportos não é da Copa, é algo para depois de amanhã. Asseguro que em 2014 estará tudo prontinho.

CC: E os legados? 

DR: Há 50 obras de legado. A Copa não depende delas para funcionar, é algo a deixar para as cidades. Os prefeitos e governadores têm até dezembro deste ano para ao menos iniciar a fase de licitação. Caso contrário, a obra sai do PAC da Copa e vai para o PAC normal. Por quê? Porque, se não licitar até o fim do ano, elas não ficarão prontas em dezembro de 2013. O governo federal pode fazer várias coisas, mas não pode obrigar ninguém a manter um ritmo se não tiver essas condições prévias.

CC: Como a senhora imagina o Brasil em 2014? 

DR: Farei tudo que estiver ao meu alcance para que o Brasil, em 2014, tire 16 milhões de cidadãos da miséria. Que a nossa classe média tenha na educação um caminho para manter sua condição e que aqueles que estão um pouquinho acima na pirâmide social desses 16 milhões de miseráveis passem para a classe média. Quero consolidar um Brasil de classe média. Além disso, quero ter transformado, ao menos em parte, a área de saúde. Não podemos ter hospitais em quantidade absurda, mas podemos ter uma política de regionalização, como tivemos no caso das universidades. E aí tem outra solução.

Não sei se vocês sabem, mas precisamos ter, no governo, obsessões. E a minha próxima obsessão é o tratamento em casa, o home care, levar o atendimento de um hospital às casas das famílias. Por quê? Por que queremos inventar uma coisa sofisticada? Não, porque é mais barato, é melhor para as pessoas e por poder ser feito em escala maior com um custo fixo muito pequeno e com um custo variável interessante. Isso vai descongestionar o tratamento final nos hospitais e diminuir a quantidade de tempo que as pessoas permanecem ocupando um leito.

CC: A senhora poderia dar mais detalhes? 

DR: Ainda não. Estamos fazendo as contas, na ponta do lápis, pois não faremos nada sem convicção. Hoje, a convicção sobre a viabilidade do projeto é de 90%. Vamos dimensionar o tamanho. Por isso falo: certas coisas só se fazem com obsessão. Começamos pelas UBS (Unidades Básicas de Saúde). Estamos reequipando, remodelando e modernizando cerca de 40 mil unidades. Temos o mapa da pobreza feito pelo Censo, por grupo e região, e as 3 mil UBS que temos para construir vão para esses locais.

O mesmo acontece com a Rede Cegonha. Não vamos conseguir fazer em todos os municípios, mas estamos começando por aqueles com o mais baixo nível de tratamento, de acesso a equipamentos de saúde.

CC: Falemos de uma obra bastante criticada. Por que o seu governo insiste no trem-bala? 

DR: As mesmas pessoas que hoje criticam o trem-bala diziam nos anos 1980 que o Brasil não deveria fazer metros, era coisa de país rico. Deu no que deu. O trem-bala não se justifica naquelas extensões chinesas, de 1,5 mil quilômetros. Na extensão entre o Rio de Janeiro e São Paulo é absolutamente justificável. Não se trata apenas de oferecer mais uma alternativa de transporte, mas de produzir uma reconfiguração urbana.

E um ponto que ninguém discute. No trajeto entre o Rio e São Paulo vai ocorrer uma desconcentração urbana. O cara entra no trem-bala, desce no centro da cidade e vai trabalhar. Se não encontrarmos uma solução para as duas metrópoles, teremos uma banana gigantesca nas mãos. Ficarão inviáveis. Uma vez em Tóquio percebi que as ruas eram estreitas, mas não havia congestionamentos.

Quis saber o motivo e me explicaram que o sistema de trens criado depois da Segunda Guerra Mundial tinha mudado a direção urbana das cidades. Nas paradas entre Tóquio e Kyoto criaram-se bairros, áreas de moradia. Pense no percurso entre São Paulo e Rio, entre a serra e o mar. É um dos lugares mais bonitos do País. Não existirá motivo para que as pessoas não queiram morar nesse caminho. Com o trem-bala, alguém que viva a 60,70, até 100 quilômetros do Rio ou de São Paulo chegará rapidamente aos centros dessas cidades.

CC: A Comissão da Verdade vai sair do papel? 

DR: Vai sim, vamos criá-la. Queremos que seja unânime nas bancadas do Congresso. Não há motivo nenhum para o PSDB e o DEM não a aprovarem. Não é algo que pode serviste partidariamente, é uma dívida que temos. •